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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A família BARREIRA, sua origem e descendência:


BRASÃO
da Família BARREIRA

"A língua portuguesa, assim como o francês, o espanhol e o italiano, é considerada língua românica e se derivou do latim. Desenvolveu-se no antigo reino da Galícia e se espalhou pela região que hoje é conhecida como Portugal.
O sobrenome  BARREIRA é classificado como sendo de 'origem habitacional'. Ou seja, este termo se refere aos sobrenomes dos quais a origem se encontra no lugar de residência do portador original. Nomes habitacionais nos dizem de onde foi saído o progenitor da família, seja uma cidade, vila ou lugar identificado por uma característica topográfica. No que diz respeito ao sobrenome BARREIRA, este é derivado do nome de diversos locais em Portugal. Este sobrenome é encontrado na Galícia e tem como variantes BARREIROS, BARREIRAS. Uma das mais antigas referências e este nome ou a uma variante são os registros de BALTHAZAR BARREIRA (1538-1612), jesuíta português falecido em 1590.
Pesquisas continuam, e este nome pode ter sido documentado muito antes da data mencionada acima. Portanto notáveis do sobrenome BARREIRA ou uma variante foram entre outros: Francisco Izideo Barreira, religioso escritor português, falecido em 1634; Gaspar Barreira, cônego, cosmógrafo e escritor português, falecido em 1574.

As armas foram concedidas à família BARREIRA pelas autoridades de Portugal e assim descritas:

BRASÃO DE ARMAS:

“O OURO simboliza o SOL, denota Generosidade e Nobreza.
Os que portam esta cor devem lutar pelo seu príncipe. O vermelho indica magnanimidade”.

Desta família descende BATHAZAR LOPES BARREIRA,
que no Brasil, e especialmente no Ceará,
foi o progenitor dessa extensa descendência que passamos a desenvolver."

Nota - Artigo enviado pelo primo Paulo Barreira


*  *  *  *  *  *  *

ÍNDIA PIABA
Francisca Barbosa Custódio

“Pelas proximidades do ano de 1680, ao que se calcula, o português Custódio de Britto viu a jovem índia Piaba de Cunhaú, filha do cacique da aldeia de Natal e de sua mulher Rita da Estrela.
A bela cunhatã, de olhos lânguidos, dentes brancos e seios pulados, que tentavam furar a bata de xila, que mais a adornava que a vestia, encheu de desejos o luso forasteiro, que fez tudo para conquistá-la.
Mas a altiva princesa potiguara mostrou-se recatada e esquiva. O namorado recorreu então ao frade missionário, que catequizou o chefe índio, tomando este no batismo o nome de Estevão Barbosa, e conseguiu o casamento de Custódio com a formosa Piaba de Cunhaú, que, pelo batismo e pelo matrimônio, passou a chamar-se Francisca Barbosa Custódio.
Dessa união resultou apenas uma filha, que tomou o nome de Antônia Rita de Brito Barbosa e se tornou uma vistosa mameluca, que prendeu de amores o português Lourenço de Sá e Souza, com quem se casou.
Lourenço e Antônia Rita criaram três filhos, sendo o terceiro uma menina, Maria Joana de Sá Barbosa, que se casou com Felippe Santiago da Silva, natural de Braga, em Portugal, indo o casal morar em Aquiraz, no Ceará, onde criou quatro filhos, sendo que Antônia da Silva e Sá Barbosa, a caçula, na idade de casar, era uma moça branca e fina, sem nenhum traço da raça de sua bisavó índia.
Por esse tempo chegou à Santa Cruz do Aracati, antes São José do Porto dos Barcos, na foz do Jaguaribe, o comerciante português Balthazar Lopes Barreira, natural de Bragança, freguesia de Chaves, filho de José Lopes de Andrade e de Anna de Assis Barreira, o qual, depois de andar negociando por Minas Gerais, Bahia, Sergipe e Pernambuco, viera atraído pela fama dos sertões de criação do Ceará, e estabeleceu-se na ribeira do rio Pirangi, onde fundou a grande e famosa fazenda do Quixinxé.
Balthazar, encontrando seu conterrâneo Felippe Santiago, veio a conhecer sua filha Antônia (bisneta da índia Piaba)*, com quem se casou, em Santa Cruz, no dia 16 de abril de 1733, indo morar em Quixinxé, onde criou dez filhos.”

(Esperidião de Queiroz – Antiga Família do Sertão)

Em 1680, o português Custódio de Brito casou-se com a índia Piaba de Cunhaú, filha do cacique da aldeia de Natal, e que pelo batismo e pelo matrimônio recebeu o nome de Francisca Barbosa Custódio. Tiveram uma filha:

- Antônia Rita de Sá Barbosa, c.c. o português Lourenço de Sá e Souza, tiveram 3 filhos, entre eles:

- Maria Joana de Sá Barbosa, c.c. Felipe Santiago da Silva, português de Braga, foram morar em Aquiraz e tiveram 4 filhos, entre eles:

- Antônia da Silva e Sá Barbosa (bisneta da índia Piaba), c.c. o português Balthazar Lopes Barreira, em 16/04/1733.
Foram morar na fazenda Quixinxé em Quixadá e criaram 10 filhos:

- Ana Maria do Carmo Barreira
- Antônia Maria do Carmo Barreira
- Joanna da Silva Lopes Barreira
- Francisca Maria Lopes Barreira
- Antônio Lopes da Silva Barreira
- *Ignácio Lopes da Silva Barreira, c.c. Joanna Batista de Queiroz
- Leandra Maria da Silva Barreira
- Josepha Maria da Silva Barreira
- Izabel Lopes da Silva Barreira
- José Lopes da Silva Barreira

*Ignácio Lopes da Silva Barreira, c.c. Joanna Batista de Queiroz, tiveram 14 filhos, entre eles, Joanna Ignácia de Queiroz Barreira (Dona Joanninha), que se casou duas vezes. Seu primeiro casamento foi com Luciano Domingues de Araújo, jovem e rico fazendeiro de Boa Viagem. No dia marcado para as bodas, vinha o noivo da cidade de Quixeramobim, acompanhado por muitos amigos, todos a cavalo, seguindo em cortejo para a fazenda Tapuiará, em Quixadá, onde morava a noiva. Quando passavam pela fazenda Cachoeira, no distrito de Uruquê, sofreu uma emboscada e foi mortalmente ferido por um tiro de bacamarte, a mando de um inimigo seu Miguel Carlos Maciel. Luciano foi conduzido em uma rede até a casa da noiva, onde tudo estava preparado para os festejos nupciais. Por desejo de ambos, foi realizado o casamento assim mesmo, tendo ele falecido logo após a comovente e breve cerimônia, deixando viúva dona Joanninha, aos dezenove anos de idade. Uma cena mais tocante ainda foi quando a noiva-viúva, num gesto extremo e contrito de mudo sofrimento, mandou que lhe cortassem as duas tranças de seus longos cabelos castanhos: segundo os costumes da época, deviam acompanhar o marido no esquife mortuário.


(Essa história está relatada no capítulo intitulado BODAS de SANGUE, no livro Antiga Família do Sertão, de autoria do médico e escritor cearense Esperidião de Queiroz Lima).

Passados alguns anos desse trágico acontecimento, casou-se dona Joanninha, em segundas núpcias, com o irmão de um de seus cunhados (eram três irmãos da família Alves Lima casados com três irmãos da família Barreira), Francisco Alves de Lima, viúvo e com cinco filhos menores, todos homens.
Depois do casamento eles foram morar na fazenda Poço Formoso em Jaguaribe, onde nasceram seus cinco filhos:

Francisca, Maria de Jesus, Francisco, Ignácio e Arcelino.

Depois que faleceu Francisco Alves de Lima, Joanna resolve se mudar com os cinco filhos ainda pequenos para Quixadá, onde já residia quase toda a sua família, que bem poderia ampará-la e ajudá-la na sua educação, o que de fato aconteceu. Passaram a residir na fazenda Espírito Santo, próxima a Quixadá. As duas filhas logo casaram e os três filhos homens, depois de concluírem o curso primário, sempre incentivados por sua mãe, decidiram-se pela vida de fazendeiros, seguindo a tradição da família e até pela falta de opção naquela época.

As duas filhas, Francisca e Maria de Jesus:

F01 - Francisca Barreira de Queiroz Lima (Chiquinha), casou-se com Manoel Porfírio Freire Soares e tiveram quatorze filhos. O casal instalou-se por algum tempo na fazenda Olivença, vizinha à fazenda Espírito Santo, seguindo depois para a Amazônia e se estabeleceram em Belém, onde deixaram numerosa descendência.

F02 - Maria de Jesus Barreira (Mãe Jesus), casou-se com José Marinho Falcão, e foram os prósperos proprietários da fazenda Fonseca em Quixadá. Tiveram duas filhas:
N01- Joanna Lydia Barreira, c.c. Gaudioso Simão de Castro Góes, pais de José Marinho Falcão de Góes, c.c. Angelina de Góes Ellery*. O casal não tinha filhos, por isso perfilhou o sobrinho de Angelina, registrado como José Ellery Barreira, nascido em Quixadá, em 23/10/1923, que depois adotou o nome de José Ellery Marinho de Goes, meu pai.


Joanna Lydia e Gaudioso foram pais também de: Francisco Marinho de Goes (Tio Goezinho), c.c. Olívia Holanda; Júlia Marinho de Goes (Tia Julinha), c.c. o Prof. Júlio Holanda; Maria Marinho de Goes (Tia Mariinha) c.c. Dr. Esperidião de Queiroz Lima, médico; Clotilde Marinho de Goes, c.c. Dr. João Batista de Queiroz Lima, médico, irmão de Esperidião de Queiroz Lima (os dois eram filhos do Dr. Arcelino de Queiroz Lima e de dona Rachel de Queiroz Lima, da Fazenda Califórnia).

N02- Maria (Neném), c.c. Dr. Adolpho Siqueira Cavalcanti, pernambucano e primeiro juiz de direito de Quixadá, não tiveram filhos.

Os três filhos, Francisco, Ignácio e Arcelino:

F03 - Cel. Francisco Alves Barreira Cravo, nascido a 09/12/1859, c.c. Maria de Jesus Marinho, foram os donos da fazenda Bolívia, próxima à cidade de Quixadá, tiveram quatorze filhos. Francisco tinha desde criança o cognome "Cravo", que adotou passando a assinar-se Francisco Alves Barreira Cravo. Fazendeiro esclarecido, foi um dos pioneiros na disseminação do Gado ZEBU no Ceará. Dirigiu, como intendente, os destinos do município (1893-1895), tendo construído o prédio que ainda hoje serve de sede da municipalidade. Anteriormente, fizera parte, como deputado, da Assembleia Constituinte do Estado. Era conhecido como Tenente Cravo, não obstante ter a patente de Coronel. Tendo-se transferido para o Estado do Rio de Janeiro em 1921, faleceu em Niterói a 05/01/1939. Foram pais de:

N01 - Francisco Alves Barreira, c.c. Francisca Edwirges
N02 - Fausto Barreira Cravo, c.c. Antônia Bela Pessoa Lima
N03 - Aprígio Alves Barreira Cravo, c.c. Margarida Cabral
N04 - Samuel Barreira Cravo, c.c. Clotilde Amaral de Assis
N05 - Zorobabel Barreira Cravo, farmacêutico, c.c. Laura
N06 - Dráurio Barreira Cravo, médico e fazendeiro, c.c. Luiza Niemayer
N07 - Maria da Assunção Barreira, c.c. José Alexandrino de Alencar
N08 - Cleonilda de Jesus Barreira, c.c. Dr. Caetano Estelita Cavalcante Pessoa, foi Presidente do Estado da Província do Ceará
N09 - Elvira Marinho Barreira, c.c. Pedro Theóphilo
N10 - Alvina Barreira Cravo, c.c. Francisco Augusto Alencar
N11- Maria do Carmo Barreira, c.c. Manoel Pirette da Silva Guimarães
N12 - Maria de Jesus Barreira, c.c. Francisco de Paulo F. Sousa
N13 - Otília barreira Cravo, c.c. Otaviano da Cunha Mendes
N14 - Esther de Jesus Cravo, c.c. Júlio César Machado, farmacêutico


F04 - *Cel. Ignácio Alves Barreira Nanan*, conhecido como Coronel Nanan, c.c. Maria Francisca Lessa Barreira (Mulatinha ou Mãe Tatinha). Foram os donos da fazenda Olivença, também próxima à cidade de Quixadá e criaram doze filhos.

F05 - Cap. Arcelino Alves Barreira, c.c. Francisca do Espírito Santo Lessa, não tiveram filhos.

Os filhos, Maria de Jesus Barreira e Francisco Alves Barreira Cravo, casaram-se respectivamente com dois irmãos: José Marinho Falcão e Maria de Jesus Marinho.


Cel. IGNÁCIO ALVES BARREIRA NANAN

*Cel. Ignácio Alves Barreira Nanan* - (Pai Nanan), meu bisavô paterno, nasceu na fazenda Poço Formoso em 01/02/1841, nas proximidades da atual cidade de Morada Nova. Muito jovem ainda, após o falecimento de seu pai Francisco Alves Lima, transferiu-se com sua mãe dona Joanna Batista de Queiroz Barreira e seus irmãos, para Quixadá, onde já residia quase toda a sua família.

Casou-se em 22/11/1864 com Maria Francisca Lessa Barreira, nascida em 07/07/1849 (conhecida por Mulatinha ou Mãe Tatinha), filha de José Francisco dos Santos Lessa e Maria Nazareth de Lima Lessa. Seu avô era José dos Santos Lessa, homem rico e poderoso chefe político de Quixeramobim, filho de portugueses. Após o casamento passaram a morar na fazenda Olivença, em Quixadá.
Ignácio tinha desde pequeno o apelido de “Nanan”, por isso adotou este codinome passando a assinar-se Ignácio Alves Barreira Nanan, e mais tarde ficou conhecido simplesmente por Coronel Nanan.
Desse casamento sobreviveram doze filhos que casaram e constituíram uma das maiores famílias do sertão cearense.

OS DOZE FILHOS DO CORONEL NANAN 

Os doze filhos do CORONEL NANAN e DONA MARIA FRANCISCA LESSA BARREIRA:

N01 – Joanna Francisca Barreira (Noca), c.c. Isaac Correia do Amaral
N02 – Maria Lessa Barreira, c.c. João Firmino Dantas Ribeiro, Desembargador, foi Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará (deu nome à Rua Desembargador João Firmino Dantas Ribeiro, no Bairro Jardim América, em Fortaleza)
N03 – Américo Alves Barreira, médico, professor e jornalista (05/04/1858-11/06/1910), c.c. Adelaide Paraíso. Nasceu na fazenda Espírito Santo e se formou em medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia. Foi professor catedrático da Faculdade de Odontologia da Bahia e durante muitos anos foi redator do jornal Diário de Notícias, em Salvador.
N04 – Francisca Edwirges, c.c. o primo Francisco Alves Barreira Cravo, filho do seu tio, Maj. Francisco Alves Barreira Cravo
N05 – Francisco Barreira Nanan, c.c. Otília Teixeira Mendes
N06 – Adélia Barreira Nanan (Déa), c.c. o Dr. Bernardo Piquet Carneiro* (RJ, 27/06/1960-31/10/1936), Engenheiro construtor do açude do Cedro em Quixadá.
N07 – Maria Francisca Barreira* (Lica), c.c. Dr. Antonino da Cunha Fontenelle
N08 – Maria Lessa Barreira (Santinha), c.c. o Desembargador Luis Gonzaga Gomes da Silva (tem seu nome numa avenida de Fortaleza - Avenida Desembargador Gonzaga - no Bairro Cidade dos Funcionários)
N09 – IGNÁCIO BARREIRA NANAN, Engenheiro Agrônomo, c.c. Cora de Goes Ellery, meus bisavós paternos. Depois de viúvo Ignácio casou em segundas núpcias com sua cunhada, Ana de Goes Ellery (tia Nóca), irmã de Cora e de Angelina Ellery Marinho de Goes, a mãe que criou meu pai (registrado como José Ellery Barreira, depois foi perfilhado pela sua tia materna, Aneglina Ellery Marinho de Goes e seu marido, José Marinho Falcão de Goes, como José Ellery Marinho de Goes, Zelito)
N10 – Odília Barreira (Dila), c.c. Francisco Bezerra de Figueiredo
N11 – Arcelino Sula Barreira, Advogado e Cirurgião Dentista, c.c. Idalba Barreira
N12- Teolinda Barreira Nanan (Teté), c.c. Luis Alencar Barbosa Cordeiro


Bernardo Piquet Carneiro* (RJ, 27/06/1960-31/10/1936), engenheiro brasileiro, formado pela ESCOLA CENTRAL DA CORTE (atualmente Escola Politécnica do Rio de Janeiro) onde adquiriu o título de Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas em 1897. Ainda no ano de 1897 chega ao Ceará, como engenheiro-chefe da Estrada de Ferro de Baturité (Rede de Viação Cearense). Em 1900 foi nomeado engenheiro-chefe da Comissão do Açude do CEDRO em Quixadá. Piquet Carneiro deixou o cargo de diretor da então recém-criada Inspetoria de Açudes e Irrigação (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS) em 1909 e assumiu o cargo de chefe do Primeiro Distrito de Fiscalização de Estradas de Ferro, função que exerceu até 1914, quando retornou ao Rio de Janeiro.
Foi dele também o projeto do Açude ACARAPE do MEIO, que abastece Fortaleza.
Em sua honra o distrito de Jirau (que depois passou a município) no estado do Ceará recebeu o seu nome: PIQUET CARNEIRO.
PIQUET CARNEIRO é o bisavô do piloto de Formula 1 NELSON PIQUET, filho de Clotilde Barreira Piquet e do médico pernambucano, Dr. Estácio Gonçalves Souto Maior, ex-ministro da saúde. O pai não aprovava sua carreira automobilística e por essa razão, no início de sua carreira, Nelson usava o nome de solteira de sua mãe, escrito erroneamente como "Piket", para esconder sua identidade. Sua mãe faleceu em agosto de 2007 aos 84 anos de idade.
Adélia Barreira e Piquet Carneiro também foram pais do ilustre Dr. Américo Barreira Piquet Carneiro (1909-1992), médico e professor cearense que desempenhou uma brilhante carreira no Rio de Janeiro.

Maria Francisca Barreira* (Lica), casado com o Dr. Antonino da Cunha Fontenelle* foram os pais de Antonino Barreira Fontenelle (Fontim), pai de Luce Fontenelle de Carvalho, casada com Cid Saboia de Carvalho (25/08/1935) advogado, professor, jornalista, radialista e político cearense, foi senador pelo Ceará, e são os pais do Dr. ANTONINO FONTENELLE DE CARVALHO, advogado e professor de Direito Agrário na UNIFOR. 

O CORONEL NANAN 

– Agricultor e pecuarista experiente, o Coronel Nanan gostava muito de adquirir novas propriedades, por isso era sempre procurado pelos que conheciam ou ouviam falar de suas condições financeiras e do seu gosto pela terra. E quando alguém interferia em seus negócios, especialmente sua esposa, argumentando que já eram donos de tantas terras, ele lhe respondia com enfado: “Terra não morre!” – E efetuava assim a compra de mais uma propriedade. E tanto investiu no seu trabalho que ao falecer em 26/04/1920, beirando os oitenta anos de idade, ele possuía mais de uma dezena de sítios na serra de Baturité, boas propriedades produtoras de café e de cana-de-açúcar, e outras tantas fazendas situadas nos municípios de Quixadá e de Quixeramobim.
Dedicou-se extremamente à política, sempre respeitoso para com seus correligionários. Sua fidelidade era inquebrantável, daí o prestígio que sempre gozou na política. Não obstante exercer a chefia política do município de Quixadá por mais de vinte anos, nunca concordou em ocupar nenhuma função pública. No Dicionário Bibliográfico do Ceará escrito pelo honrado cearense Dr. José Bonifácio de Souza, consta no registro biográfico do coronel Nanan:


“Homem inteligente, apesar de pouco letrado, granjeou sólida fortuna, tornando-se um dos mais importantes fazendeiros do seu município, e conquistou respeito e admiração através de marcantes qualidades pessoais servidas por um trato lhano e acolhedor. Durante cerca de um quarto de século a vida municipal de Quixadá gravitou em torno da sua pessoa. Ao contrário dos coronéis truculentos que naquela época proliferavam no Estado, sabia o coronel Nanan, com brandura, tolerância e sagacidade, fazer valer sua influência não só entre aqueles que o tinham como chefe partidário, como também junto aos poderes públicos. No largo período em que foi governador, deu-lhe o Comendador Acioli, inteiro apoio em retribuição a uma leal e sincera solidariedade política. Entretanto, jamais quis o chefe quixadaense exercer  funções públicas para os quais o credenciava o seu sólido prestígio eleitoral.”

– Estas expressões duplicam seu valor ao serem proferidas pelo Dr. José Bonifácio, sendo ele filho do coronel Alfredo Pereira de Souza que, durante anos foi o adversário político mais expressivo do coronel Nanan.


No livro QUIXADÁ & SERRA do ESTÊVÃO, o Dr. José Bonifácio faz outra referência ao Coronel Nanan e à sua Fazenda Olivença, em Quixadá:

Fazenda Olivença – A influência social, política e econômica de seu proprietário Inácio Alves Barreira Nanan, ou simplesmente Coronel Nanan, tornou famosa esta fazenda, localizada a seis quilômetros da cidade.
Pode-se afirmar que, por espaço de um quarto de século, foi ali que se resolveram os destinos políticos do município, do qual o Cel. Nanan era chefe incontrastável, e para ali convergiam, atraídos pela fama de trato acolhedor e um convívio fidalgo, todas as figuras de prol – bacharéis, médicos, engenheiros, etc. – que chegavam a Quixadá.
Além disso, foi também das primeiras fazendas a banir o trabalho servil, tendo alforriado seus escravos a 31 de março de 1883, por ocasião do enlace matrimonial de uma das prendadas filhas do casal com o abolicionista Isaac Amaral, no auge da campanha antiescravagista que sacudia todo o país.
Desaparecidas a primeira e a segunda geração daqueles que lhe deram brilho e renome, volveu Olivença à modesta placidez de um destino puramente econômico.”


A respeito da CAMPANHA ANTIESCRAVAGISTA, o Coronel Nanan foi um dos fundadores da Sociedade Libertadora Quixadaense, criada em 1º de janeiro 1883, tendo ele ocupado os cargos de presidente e de vice-presidente.


O Coronel Nanan, nascido na fazenda Poço Formoso em 01 de fevereiro de 1841, faleceu com quase oitenta anos em Quixadá, a 26 de abril de 1920.
Dona Mulatinha faleceu em Fortaleza a 15 de janeiro de 1925, estando ambos sepultados no jazigo da família, em Quixadá.


“Não só de heroísmos, de batalhas, de revoluções patrióticas consta um passado nacional: também do que esse passado foi como vida quotidiana, como rotina econômica, como produção, como trabalho, como intimidade doméstica.”
Gilberto Freyre




Vovô Ignácio Barreira:
por Ricardo Lincoln Barreira (bisneto)



"Ele não colocava nome nas vacas, como é costume e tradição entre os fazendeiros criadores de gado, quando acontece a primeira parição das “novilhas” - dizia que quando se põe nome num animal, cria-se afeto e apego por ele e assim não se pensa em vendê-lo. Como ele tinha entre seus grandes negócios a compra e venda de gado, isso poderia inviabilizar ou dificultar o "ato de vender".
“Encaminhava os filhos segundo a virtude que ele observava em cada um. O tio Chiquinho (Francisco Barreira Nanan), tinha muito jeito para comércio e foi para o Acre, ganhar dinheiro com extração e comércio de borracha. O tio Américo (Américo Alves Barreira), muito estudioso, ainda estudante, falava fluentemente o alemão (supostamente aprendido com o padre Kiliano, em Pacoti), foi cursar medicina na Bahia (naquela época, a única escola de Medicina no Nordeste) e lá foi um dos fundadores do Curso de Odontologia. Não havendo professor para a disciplina de Prótese Dentária, ele veio a ser o professor titular. Nessa época, conheceu sua esposa Adelaide, com quem se casou.”

“Deu como presente de casamento à sua filha Joanna Francisca (Nóca), que casara com o abolicionista Isaac Amaral, a alforria de todos os escravos que viviam em suas terras (e eram muitas!) e segundo o papai, todos permaneceram onde estavam por vontade própria. Ainda segundo as informações do papai, a primeira libertação significativa de escravos no Ceará teria sido por ocasião do casamento da tia Déa (Adélia Barreira Nanan), com o engenheiro Piquet Carneiro, em 1884, precedendo assim a Redenção, acontecida em 13 de maio de1888.”
“Piquet Carneiro, (que era padrinho do papai) estava finalizando as obras da construção do açude do Cedro, em Quixadá, quando recebeu a visita da comitiva de Affonso Pena (salve engano), de quem era inimigo político e estava prestes a assumir a Presidência da República A visita foi feita, mas quando a comitiva se retirou, ele (Piquet Carneiro) convocou toda a equipe e informou que aquele homem seria o próximo Presidente da República e sabia ele, que os seus dois primeiros atos seriam a suspensão da construção do Cedro e a sua demissão. Queria assim, contar com todos para que a obra fosse concluída antes que ele tomasse posse e todos concordaram. Dito e feito!”
Primeiro ato: "Suspendam-se as obras!”. Resposta imediata: "Obra concluída!"
obs.: alegava a equipe do presidente que havia um erro de cálculo e que a parede da barragem seria "lavada" antes do açude sangrar.
Segundo ato: "Demissão do Dr. Piquet Carneiro!”, ato que ele acatou, mas deixou registrado:
"Peço a Deus anos de vida para ver o açude do Cedro sangrar sem que isso aconteça".

Ele não viu, mas a tia Déa viu (ou pelo menos soube da notícia) por duas vezes: em 1923 (aos 50 anos de idade) e em 1973 (aos 100 anos). Ela faleceu, salve engano, com 101 ou 102 anos.

“Quando o Ceará possuía apenas três ou quatro desembargadores, dois deles eram seus genros:

João Firmino - que deu nome à Rua João Firmino, no Bairro Damas, próximo ao Colégio Juvenal de Carvalho.
Luís Gonzaga - que é nome de uma avenida, na Cidade dos Funcionários - Avenida Desembargador Gonzaga.”

“Era na casa do tio Gonzaga que a mamãe passava os finais de semana, já que ela estudava interna no Colégio Santa Cecília. Esse nome tio Gonzaga era a cara da mamãe e acho que se ela viva fosse, disse ao Juarezinho, chamaria a avenida de "Avenida Tio Gonzaga", rsrs.

Ricardo Lincoln Barreira


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Ignácio Barreira Nanan

*Ignácio Barreira Nanan, Engenheiro Agrônomo, nascido em Quixadá em 16/02/1880, casou-se em 02/02/1904 com Córa de Góes Ellery, (nascida em 19/04/1884 e falecida em 31/10/1923), eram meus avós paternos.
Após o falecimento de Córa, Dr. Barreira casou-se a segunda vez com sua cunhada Anna de Góes Ellery (Tia Nóca) nascida em 10/05/1885 e falecida em 12/07/1960. Córa e Ana eram irmãs de Angelina de Góes Ellery*, todas filhas do coronel Eduardo Saldanha Ellery e Angélica de Góes Ellery, netas paternas de Henry Ellery, inglês natural da cidade de Liverpool, c.c. Ana de Castro Saldanha.



Córa Ellery Barreira








Do casamento de Ignácio com Córa, nasceram onze filhos:

F1- Eduardo Ellery Barreira, bacharel em direito, Ministro do TCE
F2- Ignácio Ellery Barreira, engenheiro agrônomo
F3- Juarez Ellery Barreira (falecido aos 5 anos de idade)
F4- Angélica Ellery Barreira
F5- Eduíno Ellery Barreira, cirurgião dentista
F6- Juarez Ellery Barreira, engenheiro agrônomo
F7- Adalberto Ellery Barreira, cirurgião dentista
F8- Violeta Ellery Barreira
F9- Iridéa Ellery Barreira
F10-Margarida Ellery Barreira
F11-José Ellery BarreiraJosé Ellery Marinho de Góes* (Zelito)


Juarez, José (Zelito), Adalberto, Ignácio, Eduíno e Eduardo.
José (Zelito, meu pai), Eduíno, Eduardo, Ignácio, Juarez e Adalberto
Violeta, Margarida, Angélica, Córa e Iridéa.


Do segundo casamento de Ignácio, nasceu uma única filha:
F12- Córa Ellery Barreira, professora, solteira.



José Ellery Marinho de Goes - ZELITO
José Ellery Marinho de Góes* (Zelito), era meu pai.
Foi o décimo primeiro filho de Ignácio e Córa, nascido em Quixadá, em 23/10/1923, registrado com o nome de José Ellery Barreira. Córa faleceu uma semana após seu nascimento. O Dr. Barreira ficando viúvo, entregou-o recém-nascido para a cunhada, Angelina Ellery Marinho de Góes, c.c. José Marinho Falcão de Góes, seu primo. O coronel Zé Marinho, homem culto, poliglota, era Engenheiro Agrônomo, formado pela Universidade de Louvain, na Bélgica.
Eles não tinham filhos e perfilharam o sobrinho com o nome de José Ellery Marinho de Góes.

Angelina e José Marinho Falcão de Goes


JOSÉ casou-se com Maria Emília Lopes de Mattos Brito, 
primeira filha do coronel Arcelino (Queiroz) de Mattos Brito e de dona Noemi Castello Branco Lopes, proprietários do sítio Brejo em Guaramiranga, onde se realizou a festa do casamento em 28/09/1950.

Casamento de José e Maria Emília - 28/09/1950


O casal foi morar no sítio Logradouro, em Guaramiranga.

Sítio LOGRADOURO - Guaramiranga - Ceará

Descendentes de
JoséEllery Marinho de Goes e de
Maria Emília de Mattos Brito Góes:

11 filhos - 25 netos - 9 bisnetos

F1 - Claudia Maria Mattos Brito de Góes, artista plástica, divorciada de Francisco Luiz Oliveira Nepomuceno, médico veterinário, pais de:
N1 - Laura de Góes Nepomuceno Leal, Socióloga, Corretora de Imóveis, c.c. Gilson Mello Leal, Administrador de Empresas e representante comercial, pais de:
Bn1-João José (nasc. em 13/05/2008)
Bn2-João Miguel (nasc. em 13/05/2008)
N2 - Daniel de Góes Nepomuceno, Engenheiro Agrônomo, pai de:
Bn3-Victor Henrique Borges de Góes Nepomuceno (filho de Diana Maria Borges, fonoaudióloga), c.c. Rosângela Lopes Carvalho de Goes Nepomuceno, Pedagoga, pais de:
Bn4-Saul Lopes Carvalho de Góes Nepomuceno (nasc. em 14/08/2006)

Bn5-Sophia Lopes Carvalho de Góes Nepomuceno (nasc. em 19/05/2011)
N3 - Renata de Góes Nepomuceno, Geógrafa, c.c. Janus Lönngren Sampaio, Fotógrafo e Designer, pais de:
Bn6-Luiza de Góes Nepomuceno Lönngren Sampaio (nasc. em 27/06/2010)
N4 - Raquel de Góes Nepomuceno, Administradora de Empresas, casada com Danilo Ramos, empresário em SP.
N5 - Fernando de Góes Nepomuceno, Produtor Musical, casado com Milene Pimentel Ribeiro, 
Administradora de Empresas, pais de:
Bn7 -Maria Fernanda Pimentel de Goes Nepomuceno.

F2 - Arcelino de Mattos Brito Neto, Piloto civil da Petrobrás, c.c. Zélia Maria Menezes de Mattos Brito, pais de:
N6 - Gaudioso Menezes de Mattos Brito Góes, Sociólogo, universitário de Direito.
N7 - Yuri Menezes de Mattos Brito Góes, formado em Informática.
N8 - José Ellery Marinho de Góes Neto, universitário.

F3 - Vera Góes Ferreira Costa, Jornalista, c.c. Marcus Roberto Ferreira Costa, administrador de empresas, pais de:
N9 - Antônio José Góes Ferreira Costa, universitário de Agronomia.
N10-Marcus Roberto Góes Ferreira Costa, Engenheiro Agrônomo, c.c. Virgínia Torquato Callou, psicóloga.
N11-George Henry Góes Ferreira Costa, universitário.

F4 - Ten. Cel. Av. Danilo de Mattos Brito Góes, Piloto reformado da Aeronáutica e Piloto civil da Petrobrás, pai de:
N12-Danielle Magalhães Góes, advogada;
c.c. Giovana Lorna Lopes Nogueira Góes, advogada, servidora pública federal, pais de:
N13-Camila Lopes de Mattos Brito Nogueira Góes, universitária.
N14-Pedro Ignácio Nogueira Góes, estudante.

F5 - Maria Tereza Góes Sottomayor Negrão, artesã, c.c. o português João Carlos Falcão Sottomayor Negrão, Engenheiro Mecânico, pais de:
N15-Luís Marcos Góes Sottomayor Negrão, universitário.

F6 - Marília de Góes Esperon Reis, artista plástica, c.c. Ten. Cel. Av. Ricardo Esperon Reis, Piloto reformado da Aeronáutica e Piloto civil da Petrobrás, pais de:
N16-Ricardo de Góes Esperon Reis, Engenheiro Civil, c.c. Priscila Alencar, Enfermeira.
N17-Rodrigo de Góes Esperon Reis, Engenheiro Agrônomo
N18-Rafael de Góes Esperon Reis, Administrador de Empresas.

F7 - Germana de Mattos Brito Góes Giglio, Advogada, servidora pública estadual, c.c. Leonardo da Rosa Giglio, Fonoaudiólogo, pais de:
N19-Leonardo da Rosa Giglio Filho, Advogado.

F8 - Angelina de Mattos Brito Góes, Advogada, servidora pública estadual, mãe de:
N20-Liana de Mattos Brito Góes, formada em moda pela London College of Fashion em Londres, casada com o grego Christos Ballas, Administrador de Empresas, pais de:
Bn8-Emilly Maria Goes Ballas

Bn9 -Peter Goes Ballas

F9 - Heloisa de Mattos Brito Góes, pedagoga, solteira.

F10 - Francisco José de Mattos Brito Góes, fazendeiro, c.c. Maria Jocicléa Cabral Maciel de Góes, pedagoga, pais de:
N21-Guilherme Cabral Maciel Góes, estudante.
N22-Mariana Cabral Maciel Góes, estudante.

F11 - Narcélio de Mattos Brito Góes, Engenheiro Agrônomo, c.c. Cynthia Diógenes Mendonça de Mattos Brito Góes, médica veterinária, servidora pública federal, pais de:
N23-Sarah Diógenes Mendonça de Mattos Brito Góes, universitária.
N24-Caio Diógenes Mendonça de Mattos Brito Góes, estudante.
N25-Thiago Diógenes Mendonça de Mattos Brito Góes.



"Quod potui feci; faciant meliora potents".

"Quanto a mim escrevo até este ponto;
o que depois se passou, talvez outro queira tratá-lo".
Xenofonte, "Helênicas"



Fonte de Pesquisa:
– LIMA, Esperidião de Queiroz – Antiga Família do Sertão – 1946
– LEAL, Vinicius Barros – História de Baturité – 1981
– LEAL, Vinicius Barros – A Colonização Portuguesa no Ceará – 1983
– SOUSA, José Bonifácio – Quixadá & Serra do Estêvão – 1997
– SOUSA, José Bonifácio – Dicionário Bibliográfico do Ceará
– GIRÃO, Raimundo – Famílias de Fortaleza (Apontamentos Genealógicos) 1975
– GIRÃO, Raimundo – Montes, Machados e Girões - 1967
– GIRÃO, Raimundo – Pequena História do Ceará - Instituto do Ceará – 1962
– ABREU, Capistrano de – Caminhos Antigos e Povoamento do Brasil
– ABREU, Capistrano de - Capítulos da História Colonial (1500-1800) – 1934 (pág. 128)
– RIBEIRO, Valdir Uchoa – Genealogia da Família - 1999 
– BARREIRA, Inácio Ellery – Origem da Família Barreira - Livreto - 1986
– BARREIRA, Eduardo Ellery - Cel. Nanan - Livreto - 1979
– BRÍGIDO, João – Ceará (Homens e Factos) – 1919
– TORCÁPIO, Raimundo – Revista Do Instituto do Ceará – Algumas Linhagens de Famílias do Sul do Ceará (Revista Trimestral)
– Anotações, registros pessoais, fotos e textos do arquivo de família.

“Feliz a família cujos membros se interessam pelos antepassados e sua história...”
Rachel de Queiroz